CHEGANDO AO NOVO MUNDO
O Barroco no Brasil teve a mais brilhante das carreiras, sendo considerado por vários críticos como o estilo nacional por excelência. Foi introduzido no início do século XVIII pelos missionários católicos, especialmente jesuítas, que trouxeram o novo estilo como instrumento de doutrinação cristã.
Nas artes plásticas seus maiores expoentes foram Aleijadinho, na escultura, e Mestre Ataíde, na pintura. No campo da arquitetura esta escola floresceu notavelmente no Nordeste, mas com grandes exemplos também no centro do país, em Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. Na música, ao contrário das outras artes, sobrevivem poucos mas belos documentos do Barroco tardio. Com o desenvolvimento do Neoclassicismo a partir das primeiras décadas do século XIX, a tradição barroca caiu progressivamente em desuso, mas traços dela seriam encontrados em diversas modalidades de arte até os primeiros anos do século XX.
A vasta maioria do legado barroco brasileiro está na arte sacra: estatuária, pintura e obra de talha para decoração de igrejas ou para culto privado.
Igreja de S. Francisco - Salvador/Bahia
Manoel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde)
Nasceu em Mariana (1762) e foi considerado um gênio da pintura brasileira. Em suas obras aparecem anjos, madonas e santos mulatos. A maior obra do Mestre Ataíde está na igreja da Ordem Terceira de São Francisco em Ouro Preto.
Teto da Igreja de São Francisco de Assis (Ouro Preto).
Causa impressionante ilusão dfe óptica, graças aos pilares pintados em perspectiva.
A última ceia
Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho):
Nasceu em Ouro Preto (1736-1814). Era filho de um arquiteto português e de uma escrava chamada Isabel. Tudo o que aprendeu foi trabalhando com seu pai, observando pintores e escultores da época, gravuras vindas da Europa e frequentando bibliotecas de escritores religiosos.
O apelido de Aleijadinho deve-se ao fato de, por volta dos 50 anos, ter adoecido, ficando com as pernas e mãos deformadas e perdendo até parte dos dedos. Como não podia mais se locomover, ele era carregado por dois escravos, que amarravam em suas mãos os instrumentos de que necessitava para esculpir.
Ele trabalhava nos projetos arquitetônicos e na decoração das igrejas barrocas. Usava como matéria-prima a madeira e a pedra sabão. Veja algumas obras de Aleijadinho:
Os profetas em Congonhas do Campo
1º Passo - Ceia
2º Passo - Horto
3º Passo - Prisão
4º Passo - Flagelação e Coroação de Espinhos
5º Passo - Subida ao Calvário
6º Passo - Crucificação
2º Passo - Horto
3º Passo - Prisão
4º Passo - Flagelação e Coroação de Espinhos
5º Passo - Subida ao Calvário
6º Passo - Crucificação
A arquitetura barroca também aparece nas fazendas, sítios, chácaras, engenhos e prédios públicos:
O BARROCO EM PERNAMBUCO
Em solo pernambucano, os portugueses trouxeram a ideologia, o esboço da sua arte barroca. Não foram inócuos, mas a própria região deu conta de trabalhar o estilo Barroco com características peculiares.
Olinda, a primeira capital, com seus belos monumentos, erguidos entre manguezais pelos portugueses como o Mosteiro de São Bento, o Convento dos Franciscanos, são respeitados pela cidade nova. Desse modo, tornou-se um simples arrabalde.
Devido a ocupações e invasões, o traçado arquitetônico tanto em Recife como em Olinda acompanhava esses dois fatores. Ora conservados, ora destruídos.
Em 1654, os holandeses foram expulsos. Como consequência das batalhas deixaram Recife arrasada. Dos escombros, a cidade se ergueu atrelada ao Barroco. Igrejas setecentistas surgiram à beira das águas dos canais e dos rios
“(…) O recifense não está ligado às suas Igrejas só por devoção aos santos, mas de um modo lírico, sentimental: porque se acostumou à voz dos sinos chamando para a missa, anunciando incêndio; porque em momento de dor ou de aperreio ele ou pessoa sua se pegou com Nossa Senhora, fez promessa, alcançou a graça; porque nas Igrejas se casou, se batizaram seus filhos e estão enterrados avós queridos”.
Esta breve crônica social escrita pelo sociólogo Gilberto Freyre, apesar de enfocar o viés sentimental das igrejas com a sociedade, nos proporciona de maneira subjacente e remonta dicas de como é intrínseca a presença da arquitetura barroca pernambucana na vida comum dos seus habitantes na época colonial.
Ou seja, o barroco em Pernambuco não pode ser apenas sintetizado pelas pedras de cantaria e entalhes monumentais. Historicamente, foi um processo de dominação, da busca pela onipotência da coroa portuguesa e delimitação de espaços terrestres e imaginários.
No entanto, quem as ergueu, quem as frequentavam, os religiosos que as dirigiam, os senhores e até mesmo o povo paupérrimo, que bancavam as despesas com reformas e construções, compõem um panorama antropológico da arquitetura barroca.
Capela Dourada
Santo Cristo. Altar lateral da Igreja do Espírito Santo de Deus. Século XIX. Recife/PE
Bom Jesus da Cana Verde ou da Pedra Fria. Autor: Manoel da Silva Amorim. Sec. XIX. Recife, Permanbuco
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